MORRER NA ESTRADA
A GNR está satisfeita: este ano só morreram de imediato 10 pessoas, nos 1244 acidentes registados. As restantes 25 vítimas em estado grave ainda levarão uns dias a dividirem-se entre "ligeiras" e "fatais". O ano passado foi pior, daí a alegria da nossa guarda.
Os funcionários da Prevenção Rodoviária é que estão chateados. O governo só lhes quer dar 1 milhão de euros para (deduzo eu) salários, percentagens às agências de publicidade e pagamento de materiais. Terá preferido investir nos equipamentos dos já citados guardas. Na entrevista à SIC Notícias, o representante da referida associação fartou-se de falar de dinheiro, sem nunca referir a eficácia das campanhas. Pois eu tenho uma ideia sobre esses resultados: sempre que saio de carro, vejo a minha vida e a da minha família ameaçada. Condutores que ultrapassam em curvas, sobre traços contínuos; gente que se atira para cima de mim se pretendo mudar de faixa (assinalando, atempadamente, a coisa, note-se) e ainda me buzina e chama maluco; pamonhas que andam a 60 à hora nas estradas nacionais, em todos os sítios em que a lei e o bom senso não permitem ultrapassagens para mal avistam um sinal de final da proibição começarem a acelerar (as vezes em que sou forçado disputar a passagem com velhos lunáticos e tipos agarrados ao volante, enquanto avisto a aproximação de um carro de frente, dariam para encher um livro). Quando ouço os resultados das intervenções da Brigada de Trânsito, fico com os ouvidos cheios de "documentação irregular", "cinto mal posto" e "colete luminescente não-homologado pela CEE". Raramente ouço falar em detenção por manobra perigosa, condução em máximos E excesso de velocidade, entre outras situações com que me deparo sempre que conduzo. Não é "às vezes": é "sempre".
Quando saímos para fora das cidades, na Páscoa, integramos um grupo, do qual várias pessoas morrerão ou ficarão com danos irreparáveis. Esperamos apenas que ainda não seja a nossa vez. Essa é a prevenção que temos.
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